segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Conversas de taberna na Tasca

Foto: Ehren Joseph @ http://castleplusconundrum.wordpress.com/

- Epaaaaaaaaa, dá cá um abração, seu doido! - Abre os braços, projetando o seu proeminente abdómen. O outro levanta-se e abraça-o. Dá-se uma espécie de choque de Titãs entre as barrigas. Sentam-se. Um faz-me sinal de "outro copo". A garrafa chega bem para os dois.

- E então, novidades?

- Novidades? Tu é que tens novidades, seu espertalhão. Então sempre andas a papar aquela gaja podre de boa. Sem ofensas, pois claro. 

- Qual gaja?

- Estás parvo? A boazona que anda sempre por aí de um lado para o outro de bicicleta. Com aqueles calçõezinhos de lycra. Ai mãezinha, o que a malta t'inveja! Ainda mais, quero eu dizer. Mas tu mereces. - Dá-lhe duas palmadinhas na mão, sobre a mesa.

- Ah, essa! - Responde-lhe, aéreo.

- Como "essa"?! Não te faças de sonso. Está escarrapachado em todo o lado. É maijuma vitória retumbante para o meu amigo. Sim, porque somos amigos. - Eleva o tom. - Eu sou amigo deste gajo. Deste ganda maluco que ganha tudo em que se mete! - Levanta a mão para um high five. Fica pendurado.

- Na! Não estou interessado nessa tipa. - Bebe um copo de penalty.

- Hã?! - Sem esconder o seu espanto. - A sério? Mas eu até li... - É interrompido:

- Não acredites em tudo o que lês. A menos que seja no meu FB, naturalmente. A gaja é uma puta. Para além de ter chatos e herpes e hemorróidas que parecem couves-flor. Ah, e de ser um traveco toxicodependente.

- Não posso! A sério? Isso cheira-me a treta da tua parte. Desculpa lá, mas era preciso seres um gandastúpido para deixares passar aquilo. Ou panasca ou assim... - O outro exalta-se:

- Ai a merdinha já! Vê lá se queres que t'atice o Octávio. Não estou para te aturar. Bem! - Fala alto. Tão alto que se ouve aqui. Atrás do balcão. Chateio-me:

- Oh badocha, ai o caralho! Já não te disse para deixares o cão lá fora? Ou levas daqui o bicho ou ponho-te nas putas. A ti e a ele! - Ele sopra a franja. Levanta-se com a trela na mão. Olha para o amigo:

- Vês? Até o tasqueiro sabe que a gaja é puta. Fui.

...

Conspiram baixinho à volta de um chouriço alentejano assado e uma garrafa de Vila Santa. Tinto.

- Não houverem dúvidas que o meu rabo é muntabom.

- Dass, quero lá saber disso. Estás a estranhar-me ohkê?

- Não, estúpido. É só para não fazêras figuras d'ingnorante. Todágente sabe. Tenho um cu espetacular. Muntabom, muntaforte.

- Porra, ainda há pouco estavas sempre a gabar-te da pila. A minha pila isto, a minha pila aquilo, ninguém me para a pila, faço e aconteço, não há gaja que m'aguente, dejazero. Agora, vens-me com essa história panilas?

- Atão, quando não póssaras falar do ataque, elogiaras a retaguarda. Muntaforte.

- Tá engraçade, tá...

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